sábado, 22 de março de 2014

NARRATIVA - SEDE DE VINGANÇA

Sede de Vingança
Para mim que deitar em uma cama macia e quentinha era tão natural quanto respirar, agora tenho que me contentar em estar vivo, nesse cubículo mal iluminado, com um mero basculante engradado.
Chamo-me P.C. Junior, e você deve estar se perguntando o porque de eu estar nessa situação precária. Bem, a explicação é simples: Eu fui sequestro.
Pediram meio milhão de dólares pelo meu resgate. O que é uma quantia pequena, considerando que eu sou um garoto de doze anos com um Q.I. elevado,  com um pai que é bilionário e tem condições de pagar o triplo – até mais – deste valor. E que pai que gostaria de perder um filho prodígio como eu?
Mas eu entendo o motivo de eles não terem exigido um valor absurdamente maior. Chamaria muita atenção e levantaria muitas suspeitas se meu pai fizesse uma retirada de dinheiro tão grande, e tudo o que eles não querem é levantar suspeitas, ainda mais da policia.
Somente uma coisa não se encaixava... Mas eu vou tentar não ficar pensando nisso, no pior.
No bilhete que meus sequestradores escreveram, informava somente aonde deixar o dinheiro, não dizia quando e como iriam me soltar.
A maleta com o dinheiro deve ser deixada atrás da banca de jornal. A dona dessa banca dessa banca se chama Fátima Zoraide, é uma mulher no mínimo estranha, que ama comer doces, usa roupas largas e muitas bijuterias, ainda se dizia vidente.
A gente já conversou às vezes, quando eu ia ate lá para comprar alguma revista de ciências ou algum livro. Não sei se ela consegue mesmo prever o futuro, sempre fui muito cético a isso. Só sei que ela estava certa quando me parou no meio da rua, com os olhos totalmente brancos, dizendo que eu corria um grande perigo, que era para eu ter cuidado.
Apesar dessa sua estranheza achava a Fátima uma pessoa legal.
Mesmo estando trancafiado naquele lugar, acabava sabendo através de conversas entrecortadas de alguns capangas, como andava as coisas do meu sequestro.
Acabei descobrindo que meu tio Dorisgleison Silva, um ex – detetive sem expectativas estava ajudando meu pai Phillip. Quando eu era criança considerava  meu tio um herói, mais hoje em dia acho somente que é um bêbado decadente. Só espero que ele consiga resolver esse caso.
Mais um dia se passa e chega a hora dos meus sequestradores pegarem o dinheiro do resgate. Ao que parece ocorreu tudo bem, e no lugar da maleta eles deixaram um bilhete informando que iriam me soltar na estação de trem abandonada, à meia noite do dia seguinte. Se tivesse algum policial no local iriam me matar na hora.
Na hora da minha entrega eles me encapuzaram como fizeram no dia do meu sequestro, enquanto voltava das minhas aulas avançadas.
Quando chegamos ao local marcado tiraram o capuz. Sai do carro com um dos capangas segurando firme meu braço e parando na linha de ferro, esperando a chegada do meu tio e do meu pai.
Depois de alguns minutos eles aparecem. Meu pai estava com uma expressão angustiada no rosto, enquanto meu tio Dorisgleison, estava meio acuado, provavelmente com medo de falhar novamente.
- Já lhe dei tudo o que vocês queriam, agora solte meu filho – gritou meu pai, para o capanga.
Neste momento se ouve um barulho vindo da porta do carro em que eu estava se abrindo, e uma silhueta vinha em nossa direção.
- Como é bom te ver novamente Dirisgleison, você com toda a certeza é o detetive mais incompetente que já conheci – O homem sai das sombras revelando o seu rosto grotesco, cheio de cicatrizes profundas. Ao mesmo tempo em que seus capangas imobilizavam meu e meu tio.
- Demetri? – Meu tio indaga, enquanto eu ficava confuso. Eles se conheciam?
- Saudades? Pelo que te conheço a polícia irá chegar dentre quinze minutos, o tempo mais que necessário para acabar o meu serviço.
- Eu não entendo, por que você sequestrou o garoto? Você é um matador de aluguel e não um sequestrador – Dizia meu tio Dorisgleison.
- Há mais o sequestro do garoto foi somente uma isca para trazer Phillip, até aqui e também deu algum lucrinho esse servicinho extra de sequestrador. Mais  real motivo é que fui pago para levar a cabeça de Phllip – explica Demetri.
- Eu não estou entendendo mais nada. Vocês se conhecem? – Consegui indagar ainda sendo segurando firme pelo meu braço.
- Fui eu quem matou o último cliente do seu titio, este não consegui impedir o assassinato – Explicou – Deitem-no no chão e coloque Phillip de joelhos – Ordenou Demetri, aos seus capangas que o obedeceram.
Demetri andou em direção ao meu tio Dorisgleison, pegando em sua bainha um revólver, se agachando e dan do um soco na caro do meu tio, para logo depois colocar o revolver em sua boca.
- Como você não irá conseguir impedir mais um assassinato, vou te ajudar à acabar com essa sua vida medíocre – Ouvi Demetri pronunciar aquelas palavras e depois o barulho de um tiro sendo ecoado pelo local.
- Não! – Gritei enquanto via o sangue escorrer da cabaça do meu tio. Sentia as lágrimas encherem meus olhos, enquanto tentava me soltar daquele aperto em meu braço inutilmente.
Vi então Demetri, se encaminhar em direção ao meu pai. Desdo o comaço achava estranho eles não venderem minha cabeça para algum Gangster, ou os tantos inimigos de meu pai. Mas não era a minha cabeça que eles queriam. Para que a minha cabeça, sendo que podiam ter a cabeça de meu pai em uma bandeja.
Demetri, pega uma katana das mãos de um de seus capangas e decapita meu pai. Antes disso ouvi as palavras eu te amo sair da sua boca. Sua cabeça pende para trás, caindo no chão rolando aos pés de Demetri. Enquanto sua camisa social branca era manchado pelo seu sangue.
O capanga de Demetri solta meu braço finalmente e eu caio no chão estático, sentindo as lágrimas queimarem meu rosto.
Prometo um dia me vingar!

FIM!

Maria Clara de Castro Borges